Pavor e outros contos nocturnos
João do Rio (2022)
Brochura, 148págs.
Tiragem de 50 exemplares.
Capa: detalhes da ilustração (sem autoria) da
folha-de-rosto da 1a. edição de Dentro da noite, 1910.
Este volume segue a ortografia dos originais.
Seleção e organização de Camilo Prado.

Disponível
R$ 35,00 (+ R$ 8,00 de envio - registrado econômico)
Aquisição: edicoes.nephelibata@gmail.com

Nascido no Rio de Janeiro, João Paulo Alberto Coelho Barreto [1881-1921], ou João do Rio, como ficou mais conhecido, foi cronista, ensaísta, tradutor, jornalista, contista e um dos mais alinhados à estética do Decadentismo no Brasil. Soube como poucos pintar o submundo do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX. Infelizmente, como a maioria de nossos melhores escritores, morreu jovem.
   Esta seleção, retirada de três de seus livros de contos, buscou reunir aquelas histórias mais grotescas, mais bizarras, aquelas em que mais se evidenciam as "nevroses", palavra das mais proferidas pelos decadentistas.
   Nesses contos o leitor não deve supor a demonstração de teses psicológicas, como querem alguns, mas apenas uma espécie de divertimento intelectual, uma provocação, uma lupa sobre o psicossocial. E, nesse aspecto, João do Rio não é muito original. Lá na velha Europa um outro João, João Loreno (Jean Lorrain), levou esse divertimento aos extremos. Jean Lorrain, Guy de Maupassant, Léon Bloy, entre outros que conformaram o que se poderia chamar de "prosa decadentista", exploraram muito as "nevroses" urbanas. Aliás, uma das características principais do Decadentismo foi justamente a de ser a primeira literatura inteiramente urbana. O Decadentismo trouxe as exacerbações da Literatura Gótica e do Romantismo mais radical para os centros urbanos, tirou dos grandes castelos, dos calabouços úmidos ou das bucólicas paisagens campestres para fechar num quarto, num bar, num beco, as emoções e paranóias de seus personagens. Pintando-os de modo mais naturalista.
   Assim, a originalidade de nosso autor não está na aclimatação de uma estética estrangeira, mas sim na descoberta de espécimes universais dentro da urbe carioca dos princípios do século XX. Ou seja, mais do que tomar um modelo estrangeiro e colori-lo com as cores locais, João do Rio mostra, descreve, aponta, revela que aqui, na outra margem do Atlântico, as nevroses eram as mesmas dos animais urbanos do velho mundo.
   De algum modo, não foram apenas os movimentos literários que se universalizaram pelo ocidente, também os vícios, as taras e as demências se espalharam junto com as noções de "modernidade" que a velha Europa, e a França em primeiro lugar, com seus falsos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, enviaram a toda parte. E ler João do Rio é constatar isso: as nevroses do Decadentismo são elementos intrínsecos da urbanidade moderna.

Contos: Pavor / O club dos optimistas / A aventura de Rozendo Moura / O fim de Arsenio Godard / D. Joaquina / O bebé de tarlatana rosa / A menina amarella / Emoções / Historia de gente alegre / O carro da semana santa / Fumo.



 



Nephelibatas em movimento